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Paris a pé

Atualizado: 27 de ago. de 2019


É sempre uma delícia caminhar por Paris. Independente de qual época for, a cidade parece constantemente convidar para um passeio a pé. Em diferentes horários do dia, a luz pode banhar a paisagem de maneiras sutis ou avassaladoras, e nas diferentes estações também. Portanto, mesmo que faça um frio doloroso ou um calor escaldante, não deixe de andar pelas ruas parisienses, saboreando a visão branca de uma Champs-Elysées coberta de neve ou o colorido das Tuileries na primavera.

Para você não sair totalmente sem rumo, vamos dar um roteiro básico que pode ser feito com calma durante um dia inteiro (ou rapidinho em duas horas, caso você tenha pouco tempo por lá). Mas ainda assim, vagar sem direção em inúmeros lugares pela França é algo super comum e quase que obrigatório; afinal, foram eles que inventaram o verbo “flanar”, que significa justamente isso: passear ociosamente.

Essa caminhada sugerida pode se iniciar em qualquer um dos dois extremos, mas se você resolver começar do meio do caminho, não tem problema! O Sena tem duas margens por esse motivo mesmo, que assim você pode fazer um passeio por um lado, e outro diferente pela margem oposta.

Mas vamos tomar como ponto de partida a Catedral de Notre Dame. Essa obra prima do período Gótico começou a ser construída em 1163, e só foi terminada 170 anos depois. Até a construção da Catedral de Amiens, no séc.XIII, ela foi o maior edifício religioso do ocidente. Sua torre abriga o maior sino da igreja, chamado de Emmanuel, que pesa 13 toneladas. Dessa torre se acessa o terraço, que oferece uma vista panorâmica da cidade.

Conhecida por muita gente desde tenra idade, a Catedral ficou famosa pelo romance de Victor Hugo, O Corcunda de Notre Dame, que foi publicado em 1831 e continua tão atemporal, alimentando o imaginário de gerações.

Se quiser aproveitar esse dia de passeio para já subir à torre da Catedral, não precisa enfrentar fila! Há um aplicativo onde se pode reservar um horário (somente para o mesmo dia) e então você tem tempo de conhecer os arredores, sentar em um café para esperar a hora passar ou mergulhar entre os livros da Shakespeare & Co.

Vamos seguir na direção da Torre Eiffel (mas já dou um spoiler: esse percurso não se estende até lá! Porém nada te impede de dar uma esticadinha, se quiser incluir esse outro ponto). Ainda dentro da Île de la Cité, fica a Sainte Chapelle e a Conciergerie, uma coladinha na outra. A Capela foi feita para receber relíquias cristãs preciosas, incluindo a coroa de espinhos de Cristo. Itens de tanta importância só poderiam ser guardados em um local que transparecesse semelhante imponência, então praticamente toda a capela é coberta por vitrais, dispostos em 15 janelas, cada uma com 15m de altura, que retratam 1.113 cenas dos antigo e novo testamentos, recontando a história do mundo até a chegada das relíquias em Paris. Essa é quase que uma joia literal cravada no coração da cidade, e uma visita com calma e apreciação é válida.

Já ao lado, como mencionei, é a Conciergerie, que de residência real virou Palácio da Justiça. Na verdade, esse “palácio” passou por vários momentos da história da capital francesa: ainda restam, dos dias medievais, a Salle des Gardes (Sala da Guarda) e a enorme Salle des Gens d’Armes (a Sala dos Soldados), assim como as cozinhas; já no séc.XIV os Reis da França abandonaram o local para se estabelecer no Louvre e em Vincennes. Foi então que o edifício ganhou um papel judicial, e parte dele foi convertida em celas. Nessa fase “prisional”, a Conciergerie foi um dos principais locais de detenção durante a Revolução Francesa, sendo sua prisioneira mais famosa Maria Antonieta. Durante a restauração, uma capela comemorativa foi feita no local de sua cela. Se quiser dar mais vida à visita, lá tem disponível um HistoPad, que funciona com realidade aumentada e reconstruções em 3D.

Continuando o trajeto, já que só vimos 3 pontos até agora, você vai atravessar nada menos que a Pont Neuf para pegar a Rive Droite. Mas não atravesse tão rápido! Apesar do nome (“neuf”= novo), essa ponte é bem antiga, e já foi um centro comercial agitado, com cabanas de madeira espalhadas ao longo dela. Já em 1775, as cabanas foram substituídas por lojas mesmo, de pedra parisiense, mas no séc.XIX foram destruídas. Ainda assim, essa ponte ganhou o título de mais bonita de Paris, além de ser um “Lieux de Mémoire”, um marco para a arquitetura francesa.

Pronto, podemos seguir pela Rive Droite. Essa nomenclatura é a forma que os franceses utilizam para determinar qual lado do Sena se está. A princípio parece difícil se achar com os nomes (a Droite é a margem direita, e a Gauche é a esquerda), mas uma dica rápida é: parar em alguma ponte observando as águas indo para a frente, e não vindo na sua direção; nesse sentido, tudo à direita é Droite, e tudo à esquerda é Gauche. Essa diferenciação é bastante importante na vida dos habitantes, influenciando nas programações de final de semana e gastos até. Os valores costumam ser mais elevados na rive gauche, que é onde se tem a visão estereotipada de Paris, com seus cafés, o Quartier Latin, a Torre Eiffel. Não quer dizer que do outro lado não se tenha esse charme também, mas talvez um pouco menos super-faturado.

O primeiro ponto importante que vemos nessa margem, a essa altura, é o Louvre. Para visitá-lo o recomendável varia desde um dia inteiro a quatro dias, porém, para os não muito aficionados por museus, se você quiser só fazer um check-in e uma selfie com “La Gioconda”, reserve umas duas horas. Isso porque só para rodar lá dentro e conseguir um momento de paz para a foto perfeita demora bastante. Mas nesse post não vamos focar no Louvre (acho que é possível escrever um post SÓ dele, com ênfase nas principais galerias e obras), então passemos só por fora. Mas um “por fora” que inclui parada nas Pirâmides.

Criada em 1983 por Ieoh Ming Pei, a grande pirâmide se tornou a nova entrada do museu, que tinha um movimento crescente de visitantes. Sua abertura aconteceu em 1989, comemorando simbolicamente o bicentenário da Revolução Francesa. As proporções dessa construção foram escolhidas com base nas proporções da Pirâmide de Gizé, no Egito, para lembrar da importância da coleção de antiguidades egípcias presente no museu. As outras três pirâmides menores que a acompanham servem de entrada de luz para algumas exposições. E há ainda uma 5ª pirâmide, que ficou famosa na literatura e no cinema com o Código Da Vinci. Esta fica dentro de um centro comercial, o Carrousel du Louvre, e marca uma entrada alternativa ao museu.

Sigamos na rota, porque há ainda muito a ser visto!

Logo depois desse “pátio” do Louvre, tem um arco triunfal (calma, ainda não é aqueeele arco). Este foi feito a mando de Napoleão Bonaparte, entre 1807 e 1809, celebrando a vitória dos exércitos franceses na Batalha de Austerlitz. A quadriga e os cavalos de bronze que coroam o arco foram levados para lá como “tesouro de guerra”quando o exército voltou de Veneza. Após a Batalha de Waterloo e a queda de Napoleão I, as peças foram devolvidas, mas para não deixar o monumento incompleto, uma cópia foi produzida em 1828.

O grande espaço verde à frente desse Arco é o Jardin des Tuileries, o primeiro jardim com caráter público da cidade. Esse jardim foi construído junto com o Palácio de Tuileries, em 1564, por ordens de Catarina de Médici. Lá eram celebradas festas luxuosas, e grandes muros protegiam a privacidade da alta sociedade. Com a mudança da Corte para Versailles, tanto o palácio quanto os jardins ficaram abandonados, e só foram recuperados mais tarde, quando o Arco de Napoleão foi construído (que acabou unindo-os com o Louvre). Já em 1870, o Palácio foi destruído e só os jardins sobreviveram, sendo abertos para o público em seguida. Hoje esse é um respiro no coração da agitada Paris, onde moradores e turistas passam um tempo apreciando minutos ao sol entre árvores e esculturas.

Passando um pouco dele estamos na Place de la Concorde, uma das mais representativas de lá, e a segunda maior praça da França. Atualmente alegre e festiva, abrigando feiras, roda gigante e carrossel (dependendo da ocasião), esse local já foi palco de momentos sangrentos! Durante a Revolução Francesa, instalaram lá uma guilhotina onde foram executadas mais de 1.200 pessoas, dentre elas: Maria Antonieta, Luís XVI e Robespierre. O nome atual não condiz com o que acontecia naquela época, mas esta já foi chamada de “Place de la Revolution”, rebatizada como conhecemos hoje só em 1795.

Entre 1836 e 1840, a praça recebeu o obelisco de Luxor com mais de 3.000 anos, doado pelo vice-rei do Egito. Dele é possível ter uma vista maravilhosa do Jardin des Tuileries com o Museu do Louvre ao fundo, e também da Champs-Élysées com o Arco do Triunfo a coroando.

Falando na Champs-Élysées, finalmente chegamos nela, uma das avenidas mais famosas do mundo. Esse nome, um pouco estranho, partiu da mitologia grega e designa um lugar que equivale ao paraíso cristão. Na atualidade, é mais um paraíso das compras, pois grandes lojas e marcas se instalam ali: desde fast-fashion como H&M e Zara, a grifes de luxo como Louis Vuitton e Montblanc. É nela também que fica a linha de chegada do Tour de France.

Logo no início dela ficam o Petit Palais, o Grand Palais e o Palais de la Découverte. O primeiro é bem parecido com o segundo, e ficam bem de frente um para o outro. No Petit Palais há exposições de pinturas, esculturas e objetos decorativos desde o Renascimento até 1900; tudo isso dentro de um edifício lindo, que vale mais que as próprias peças expostas, e com um jardim central perfeito para relaxar tomando um café (tem uma cafeteria nele). Já o Palais de la Découverte fica dentro do Grand Palais e é um centro cultural dedicado à ciência, com coleções permanentes e exibições temporárias. O Grand Palais em si possui uma enorme nave que abriga eventos variados e a galeria nacional, com obras em grande escala de artistas que marcaram a história.

Grand Palais

Passados esses monumentos, a Champs-Élysées se estende por mais 1,5km até chegar ao nosso último ponto do percurso: o Arco do Triunfo, finalmente. Junto com a Torre Eiffel, este é um dos maiores símbolos de Paris e representa as vitórias do exército francês sob as ordens de Napoleão. Sua construção demorou 30 anos, tendo sido encomendado ao fim da Batalha de Austerlitz, em 1806. Sob ele aconteceram vários eventos históricos, como os desfiles militares das duas grandes guerras, em 1919 e 1944. E é lá que fica a Tumba do Soldado Desconhecido, um monumento de 1921 com uma chama que fica sempre acesa, representando todos os franceses não identificados mortos na Primeira Guerra.

A subida ao seu topo oferece uma vista impressionante da Champs-Élysées, com suas árvores enfileiradas e o Louvre ao fundo; e do outro lado a Avenue Charles de Gaulle que termina em La Défense, a zona modernosa de Paris, que também tem um Grande Arco.

Champs-Élysées com a Place de la Concorde ao fundo

Avenue Charles de Gaulle com a região de La Défense ao fundo

Uma dica importantíssima: para acessar o Arco do Triunfo você DEVE utilizar as passagens subterrâneas! Não tente atravessar a rua!!! A rotatória onde ele fica é uma das mais perigosas e movimentadas do mundo, acredite nisso. Eu mesma já atravessei ali a pé e levei bronca do policial, depois de muito custo para chegar ao outro lado... foi uma vergonha imensa! ! ! Isso por que? Porque achamos que tinha que ser na marra, e ainda ficamos reclamando que não tinha um sinal de trânsito. Procure a passagem subterrânea, ela existe e é para ser usada!

Se você quiser ampliar o passeio para conhecer essa área diferentona de Paris que foi citada (La Défense), aí aconselhamos pegar o metrô, porque a caminhada do Arco do Triunfo ao Grande Arche tem uns 6km aproximadamente.

La Défense e o Grande Arche

Considerando que você já vai ter andado desde a Notre Dame, pode ser uma aventura intensa demais.

Gostou desse roteiro a pé? Agora imagina ter Paris toda nas mãos com uma programação personalizada, toda de acordo com as suas vontades (e disposição também né, porque não é todo mundo que anda uma cidade inteira).

Fala com a gente quando for viajar! Nós entregamos todo o passo a passo para você seguir e depois é só curtição, sem se preocupar em planejar nada!

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