top of page
Buscar

História, glamour e encantos numa escapada de NY: Newport

Como mencionei no texto anterior aqui no blog, Newport merecia uma postagem exclusiva. Então vamos falar hoje sobre essa deliciosa cidadezinha portuária no estado de Rhode Island.

Esse estado faz parte da área conhecida como New England que, de acordo com a definição pelo departamento turístico americano, é uma região geográfica extraoficial de grande valor histórico, localizada na ponta nordeste do país, considerada berço dos EUA. Boston é seu centro cultural e econômico, bem como sua cidade mais populosa. A região também inclui os estados de Connecticut, Maine, Massachusetts, New Hampshire e Vermont. Em todos esses estados você pode encontrar muita beleza natural, cultura e história.


Na viagem que fizemos para Newport também conhecemos rapidamente Middletown, onde fica a faculdade Wesleyan e New Haven, onde fica a conhecida universidade de Yale. A cultura americana de “road trips” é muito real, e podemos vivenciar isso quando fazemos uma viagem de carro pelo país. Para visitar essas universidades e conhecer nossa cidade do texto, tivemos que cruzar três estados (partimos de Nova York e cortamos Connecticut para chegar a Rhode Island) e provamos que toda a estrutura rodoviária é impecável.

<- Estrada ainda em Connecticut

Middletown

Para quem sai de Nova York, Newport parece outra realidade, quase congelada no tempo. Considerada a jóia da coroa da Nova Inglaterra (a região de New England), Newport foi fundada em 1639 como uma próspera colônia artística, um paraíso para dissidentes religiosos, uma cidade portuária crítica da Era Colonial, sede da US Naval War College e, posteriormente, um refúgio de veraneio para os barões da indústria durante a Idade Dourada, conhecida como o primeiro Resort da América. Encontramos essa cidade no mapa com o simples objetivo de visitar o International Tennis Hall of Fame, mas quando descobrimos o que mais ela tinha a oferecer, percebemos que essa cidade é um destino único!


Desde sua fundação pelos ingleses, Newport esbanja diversidade. Isso porque foi fundada por muitos colonos insatisfeitos com as intervenções políticas sobre a vida religiosa em Boston. Os primeiros colonos ingleses chegaram à Ilha Aquidneck em 1636, seguindo a notável Anne Hutchinson, que fora expulsa de Boston por suas crenças religiosas. Ela e seu grupo de apoiadores seguiram o caminho de Roger Williams, que também foi banido de Massachusetts pelas mesmas razões. Depois de consultar Williams, seu grupo fez um acordo com os nativos americanos para se estabelecer na Ilha Aquidneck.


O que eles encontraram no local era o oposto da natureza selvagem que esperavam: os nativos já estavam na área há, pelo menos, 5.000 anos e haviam desenvolvido práticas sofisticadas de pesca e gestão da terra. O grupo de Anne se fixou no norte da ilha mas, em um ano, esse grupo se dividiu em dois e uma parte se mudou para o sul, formando Newport em 1639.


Esses novos colonos fundaram a cidade com base na liberdade de consciência e religião, o que teve um impacto profundo em todos os aspectos da história subsequente de lá. Justamente por conta dessa liberdade religiosa, grupos como os Quakers e Judeus migraram para Newport, levando consigo suas conexões comerciais internacionais que ajudaram a transformar esse pequeno posto agrícola em um dos cinco principais portos marítimos da América colonial (junto com Boston, NY, Philadelphia e Charleston).


A exportação de rum, velas, peixe, mobiliário, prata e outros bens foram os principais motores do crescimento econômico de Newport no séc.XVIII, que movimentava os mais de 150 cais e centenas de lojas ao longo do porto. Conforme o comércio de Newport em toda a bacia do Atlântico crescia, a cidade se tornou um epicentro no desenvolvimento do capitalismo americano moderno.


Durante o séc.XVII, foram lançadas as pedras angulares da herança arquitetônica de Newport. Os prédios que sobreviveram a esse período - o Old Stone Mill, a Wanton-Lyman-Hazard House e a White Horse Tavern - fazem parte do rico tecido arquitetônico de Newport, que hoje também inclui as mansões ao longo da Avenida Bellevue. Na década de 1760, o crescimento econômico provocou um boom da construção que incluía centenas de casas e muitos dos marcos de importância internacional que até hoje estão lá, como a Trinity Church, a Colony House, a Redwood Library e o Brick Market (agora sede do Museu da História de Newport).

Newport também ajudou a liderar a Revolução e a independência dos EUA. Por conta de sua reputação pelo fervor revolucionário e sua longa história de desdém pelos esforços reais e parlamentares para controlar seu comércio, os britânicos ocuparam a cidade de 1776 a 1779 e mais da metade da população fugiu. A ocupação britânica causou danos irreparáveis à economia de Newport, que foi forçada a se reinventar no séc.XIX, já que havia sido “esquecida" pela industrialização e sua paisagem acabou ficando congelada no tempo. Por ironia, isso se tornou um trunfo para a cidade, pois foi o que a levou a se tornar um resort de verão, usando suas qualidades pitorescas para atrair visitantes e grupos influentes de artistas, escritores, cientistas, educadores, arquitetos, teólogos e paisagistas. Dentre esses pensadores que reformularam os fundamentos culturais da vida americana estavam Henry e William James, Thomas Wentworth Higginson, Julia Ward Howe, William Ellery Channing, Alexander Agassiz, William Barton Rogning (fundador do M.I.T.), e muitos outros.


Mais tarde, os colonos de veraneio da Era Dourada eram as famílias da elite da Carolina do Sul e Nova York, cuja presença ajudou a transformar Newport na rainha dos resorts, com suas mansões que posteriormente se tornariam as principais atrações turísticas da cidade.

Com todos os marcos históricos por lá, começou a crescer um novo tipo de turismo, o turismo patrimonial, onde os visitantes vão tanto para aprender sobre a história extraordinária da cidade quanto para desfrutar da beleza e hospitalidade que ela oferece. Além dos monumentos coloniais muito bem restaurados, os visitantes podem explorar também pequenos museus como o da História de Newport, o Art Museum, o Tennis Hall of Fame, o Audrain Automobile Museum e muitas outras atrações que revelam os aspectos históricos dessa cidade.

A história de Newport é impressionante de muitas maneiras, mas talvez o mais interessante seja o fato de este passado ainda ser visível na paisagem com uma enorme concentração de arquitetura bem preservada. A cidade conserva seu compromisso com a liberdade de consciência e religião e sua resiliência e criatividade para com as mudanças econômicas pelas quais passou são uma prova concreta de que a diversidade mantem a cidade viva e vibrante.


Como já falei sobre o International Tennis Hall of Fame em uma postagem anterior, aqui vou tratar mais da cidade e suas mansões.


Uma das razões para as pessoas visitarem Newport é a Cliff Walk, um percurso de quase 6 quilômetros pelos seus penhascos, onde a serenidade do ar salgado e o barulho das ondas batendo colidem com o encantamento da arquitetura da Era Dourada.

Mas se uma trilha pelos penhascos não é a sua praia, um passeio pelo centro pode te agradar, com as ruas de pedras cercadas por boutiques locais, galerias requintadas, restaurantes premiados, artesãos ecléticos e muito mais. Ao andar por essas ruas, pode ser 1639, 1892 ou 2019. Alguma rebelião histórica ou artística permanece em cada canto de Newport, desde a mais antiga biblioteca de empréstimos em operação contínua no país até a sinagoga judaica mais antiga da América do Norte, não tenha medo de voltar no tempo!


E quanto às tão faladas mansões, uma visita a cada uma delas mostra a vida da alta sociedade americana da virada do século, desde um “palazzo" no estilo renascentista italiano à primeira residência funcionando com eletricidade sem back-up.

Enormes fachadas e interiores impressionantes compõem a lista das Mansões de Newport, as antigas “casas de campo” de verão da elite americana durante a Era Dourada.

The Elms

A mais proeminente delas é a The Breakers, construída por Cornelius Vanderbilt II, e conta com um imponente salão principal com pé direito quase triplo.

o Salão Principal

O comodoro Cornelius Vanderbilt estabeleceu a fortuna da família em navios a vapor e mais tarde na Ferrovia Central de Nova York, que foi um desenvolvimento essencial para o crescimento industrial do país durante o final do sécXIX. Seu neto, Cornelius Vanderbilt II, tornou-se presidente do sistema ferroviário central de Nova York em 1885 e comprou uma casa de madeira chamada The Breakers, em Newport, durante o mesmo ano.

Fachada de fundos da The Breakers, vista pelo jardim

Em 1893, ele contratou o arquiteto Richard Morris Hunt para projetar uma casa para substituir a antiga que tinha estrutura de madeira e foi destruída pelo fogo no ano anterior. Hunt dirigiu uma equipe internacional de artesãos para criar um palazzo estilo renascentista italiano, com 70 quartos, inspirado nos palácios do séc.XVI de Gênova e Turim.

Os Vanderbilts tiveram 7 filhos, e a filha mais nova, Gladys, herdou a casa com a morte de sua mãe, em 1934. Como uma grande apoiadora da Preservation Society of Newport County, ela abriu a The Breakers em 1948 para angariar fundos para a Sociedade. Em 1972, a Preservation Society comprou a casa de seus herdeiros, e hoje ela é designada um Marco Histórico Nacional.


Outra muito famosa, inclusive em filmes como O Grande Gatsby e Vestida Para Casar, é a Rosecliff, encomendada pela herdeira da prata de Nevada, Theresa Fair Oelrichs, em 1899, projetada com inspiração no Grand Trianon, o retiro no jardim dos reis franceses em Versalhes.

Fachada principal da Rosecliff

Durante um verão em Newport, Theresa conheceu Hermann Oelrichs jogando tênis no Newport Casino (que ainda não havia se tornado o International Tennis Hall of Fame) e eles se casaram em 1890. Um ano depois, o casal comprou a propriedade que pertencia ao historiador e diplomata George Bancroft. Horticultor amador, Bancroft cultivou milhares de rosas em Rosecliff e seus jardins ao longo da Cliff Walk ficaram famosos.


Vista do jardim de fundos da Rosecliff

Os Oelrichs mais tarde compraram outras propriedades adicionais ao longo da Avenida Bellevue e substituíram a casa original pela mansão que se tornou o cenário para muitos dos eventos mais luxuosos de Newport, incluindo um jantar de conto de fadas e uma festa com o famoso mágico Harry Houdini.

Salão principal da casa

Se você se encantou com toda a história dessa cidade e suas incríveis construções, nós recomendamos conhecê-la e, para isso, se hospedar num dos ícones de Newport, o Hotel Viking. Situado no topo da Colina Histórica, com vistas fantásticas da Avenida Bellevue, seus quartos oferecem uma sensação antiga combinada com um ambiente luxuoso, contando com um spa, uma capela para casamentos e uma variedade de espaços para conferências. Tudo isso faz do Hotel Viking uma referência nessa cidade desde 1926.

^ Um dos quartos do Hotel Viking

Café da manhã do Hotel Viking

Para vivenciar tudo isso que apontamos nesse texto, você pode falar com a gente para programar toda a sua viagem! Que tal mergulhar na história americana conhecendo uma cidade tão única e exclusiva desse país?

0 comentário

©2024 by Easygoing Tour  •  CNPJ: 26.170.386/0001-73  •  (21)9-9753-2138

bottom of page